No último sábado, acordei ansioso e fui dormir arrependido!
Dia de Floripa Jazz Festival e fui assistir de graça, do lado de casa, um show que, com sorte, pagando e na europa, talvez eu assistiria. Marcos Valle e Azymuth é um suco de bossa nova com jazz ácido, temperado com sintetizadores que provocam altos e baixos estados de espírito e temperatura.
Na minha frente meus ídolos e embaixo da minha cadeira quatro discos de vinil, dois cd’s e uma caneta permanente. Estava tudo planejado, queria que assinassem meus discos e saber se “Estrelar (1983)” é o álbum que Valle mais autografa. Alex Malheiros, Kiko Continentino e Renato Massa abriram o espetáculo e depois de quatro músicas chamaram pelo padrinho, que provocou o início do trio no início da década de 70. Marcos Valle abriu sua participação com a música “Azimuth”, do álbum Mustang Côr De Sangue (1969).
Tamborim, cuíca, ganzá, berimbau, Mentira, Samba de Verão, Parabéns, Estrelar, histórias, curiosidades de álbuns e o show do ano ia chegando ao fim. Ver Malheiros dedilhar o baixo e Valle explanando sua intimidade com os teclados me soou um pouco delirante, e foi. O coro: “mais um, mais um” não funcionou mas tudo bem, nesta hora eu já estava envolvido com a minha segunda missão.
As mil pessoas foram se dispersando, o grande hall foi ficando vazio, silencioso, o bar já fechado e uma porta tinha toda a atenção de duas dúzias de pessoas. O ambiente intimista que se formou foi o cenário de uma das noites mais memoráveis da minha vida. Com uma taça de vinho na mão, Marcos Valle, Malheiros e Continentino surgiram discretamente, conversando, apertando mãos, dispostos a ouvir e responder perguntas e escreverem seus nomes algumas vezes.
Fui o primeiro, com um aperto de mão próximo me apresentei e ele logo falou: “- Senta aqui, Eduardo, o que temos aí?” – se referindo aos discos que eu segurava – Já sentado, respondi com uma afirmação que já era minha pergunta: “- Tenho o disco que mais trazem pra ti autografar!” Ele confirmou com graça, autografou dois, molhou a boca com vinho e fez cara de foto. Trocamos um punhado de palavras, agradeci pela música dele e deixei a fila seguir!
Tinha Azymuth pela frente. Malheiros em pé no balcão do bar, como se estivesse esperando algo e Continentino de canto, confortável numa mesa. Quando cheguei perto, numa espécie de roda com com outros fãs, falavam sobre a turnê com Valle há poucos anos. Foi tudo tão natural, entre poucas pessoas, num bate-papo descompassado como o jazz que esqueci de tirar uma foto com Continentino.
Saí de lá arrependido por não ter tirado a foto mas muito mais fã do que entrei. Músicos de primeiríssima, personalidades queridas, protagonistas de uma história, noite feliz. No TikTok postei mais imagens, minha foto com eles e trechos do show.
Ouçam baixo, ouçam alto, ouçam Marcos Valle e Azymuth.
Edu B.
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