ENTREVISTA: Djalma Santos (Djalma Discos)

Djalma Santos é entusiasta, colecionador e vendedor de discos, aqui nos apresenta um pouco sobre sua visão do universo do vinil e o prazer do colecionismo.

ANEXOS: Quem é Djalma Santos? De onde veio o amor pela música?

Djalma (Djalma Discos): “Nasci em Urussanga, no dia 12 de junho de 1964. Desde que me entendo por gente, lá pelos cinco anos de idade, já ouvia discos de vinil. Durante muito tempo, minha coleção ficou em ‘stand-by‘, digamos assim. De 1995, quando começou a era do CD, até 2016, eu só comprava os discos das bandas que me interessavam, tipo Led Zeppelin, Status Quo, Raul Seixas, Zé Ramalho… Essas coisas que eu gostava, né?

Em 2016, conheci o “Correndo Perigo”, disco da Bandalheia, fui até a cidade de Urussanga/SC buscar o disco e, nessa ocasião, conheci o pessoal do Vinil Rock Club. Foi aí que falei pra minha esposa: ‘Vou retomar minha coleção de vinil.’ Naquela época, eu já tinha mais de 1.650 discos.

Eu sou professor de música lá na minha área, em Morro da Fumaça, e nunca parei de colecionar. Mesmo entre 1995 e 2016, quando os CDs estavam em alta, eu continuava adquirindo os discos que eu gostava. Muita gente que estava se desfazendo de suas coleções me procurava pra perguntar se eu queria os discos. Eu sempre dizia que sim. Então, fui angariando esse material e guardando tudo.

O amor pela música começou lá atrás, com meu pai. Ele trabalhava na Carbonífera Rio Deserto, a gente tinha uma vitrola Philips. Aquilo era uma eletrola, com rádio que pegava ondas médias e curtas. De noite, eu ouvia rádios de todas as partes do mundo, até da União Soviética. Os discos de Nelson Gonçalves e Orlando Dias estavam sempre tocando em casa. Isso me influenciou muito.”

A partir de 2016, comecei a participar do Vinil Rock Club. Fiquei no grupo até 2019, e a gente fazia encontros mensais. Foi nessa época que tomei gosto pelas feiras de vinil. Só que, cara, vender vinil não é fácil. Já teve feira em que vendi 40 discos, mas também já teve feira em que vendi só 3.

ANEXOS: Quando e como começou a coleção? Como se organiza?

Djalma (Djalma Discos): “Eu organizo os discos por ordem alfabética e ano de lançamento. Por exemplo, se pego a coleção do Deep Purple, começo pelos álbuns em ordem cronológica, incluindo as coletâneas. Não separo as coletâneas, coloco elas junto na sequência de lançamento. Na feira, faço uma organização mais prática: uma caixa para rock, outra para música brasileira, internacionais, trilhas de filmes, novelas…

ANEXOS: Discos vem, discos vão, qual você não se desfaz de jeito nenhum? Por que?

Djalma (Djalma Discos): “Minha coleção do Raul Seixas e do Kiss são intocáveis. Também tenho alguns discos autografados, como o Alucinação do Belchior. Esses são meus xodós e não vendo de jeito nenhum.”

ANEXOS: Além de colecionador, você também é vendedor, quando e por que resolveu abrir uma loja?

Djalma (Djalma Discos): “Desde abril de 2018, participamos de feiras, mas antes disso já negociava discos. O vinil voltou com força há quase dez anos e abrir a loja era um sonho antigo. Eu tinha muito material guardado e queria compartilhar isso com as pessoas. Não fazia sentido ficar só pra mim. A loja foi unir o útil ao agradável. Além disso, quem negocia comigo se dá bem, gosto de facilitar pra quem quer entrar nesse mundo.

Minha formação em história, arte e música: tudo isso me deu força pra manter o gosto pelo vinil e pela cultura musical. Hoje, lá em Morro da Fumaça/SC, tenho um espaço físico com mais de 12 mil títulos, de todos os gêneros. Tenho de tudo, não tenho preconceito com música.”

ANEXOS: Como você vê o futuro do vinil em uma era tão digital?

Djalma (Djalma Discos): ”Tenho medo, sabe? Medo de que o vinil desapareça, assim como outras mídias físicas, tipo CD ou até o livro de papel. Hoje, nem jornal a gente vê mais. Mas acho que uma solução seria incentivar as crianças a conhecerem e apreciarem as mídias físicas. Mostrar que o vinil é uma mídia agradável e durável. Se você cuidar bem, um vinil pode durar muito mais que um CD. Então, o caminho é colecionar e ensinar o valor disso.”

ANEXOS: Conte uma história interessante, relacionada a sua paixão por discos?

Djalma (Djalma Discos): “Meu primeiro vinil, eu nunca esqueço. Era 1979, e As Frenéticas estavam no auge com ‘Solte Suas Feras’. Falei pra minha mãe que queria um disco delas. Fomos até a loja de discos, mas não tinha. Acabei comprando um do Led Zeppelin, o ‘In Through the Out Door’. Esse disco é muito marcante pra mim.”


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ANEXOS: Uma música?

Djalma (Djalma Discos): Kleiton & KledirPaixão.

ANEXOS: Um disco?

Djalma (Djalma Discos): Raul SeixasGita (1974).

ANEXOS: Um artista?

Djalma (Djalma Discos): Raul Seixas.

ANEXOS: Um ano marcante?

Djalma (Djalma Discos): 1973, quando Raul lançou seu primeiro disco.

ANEXOS: Setup perfeito?

Djalma (Djalma Discos): Não tenho preferência. Desde que o som seja bom, tá ótimo.

ANEXOS: Uma comida?

Djalma (Djalma Discos): Carne moída.

ANEXOS: Um momento bom?

Djalma (Djalma Discos): Ouvir um disco e sentir a música. Esse é o momento.

ANEXOS: O que você faz quando não está envolvido com a música?

Djalma (Djalma Discos): Durmo.


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Comentários

  1. Avatar de tuti mogli
    tuti mogli

    Grande Djalma! Muito da hora a matéria e a troca de ideia.

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