ENTREVISTA: Gabriella Gimenez (Zé Polvinha)

Gabriella Gimenez é artista visual, curiosa e “Zé Polvinha” nas horas vagas, aqui nos apresenta um pouco sobre seu projeto e sua relação com a rua.

ANEXOS: Quem é Gabriella Gimenez, onde mora, o que faz, seus hobbies?

Gabriella (Zé Polvinha): Nascida e criada no ABC Paulista, atualmente vivendo na capital das notas e correndo incansavelmente atrás delas. Cresci no meio da arte e na dança, tive avós criativas e primos “maloqueiros” que com certeza contribuíram para que meu olhar artístico fosse muito mais amplo. Os adesivos, tags e lambe-lambe, me fazem vivenciar a rua no melhor que ela pode e tem a oferecer. Transitar por lugares que provavelmente não iria, se não fosse a arte. Procuro desenvolver também as colagens analógicas e as técnicas relacionadas.

ANEXOS: O que é a cultura de rua? O que ela representa pra você?

Gabriella (Zé Polvinha): Acredito que através dela se gera repulsa e a critica na sociedade de uma forma geral, ao mesmo tempo é o acolhimento de artistas que provavelmente não teriam espaço para se expressar. Eu acho incrível a capacidade de seleção de uma sociedade em apontar o que arte ou não, aquilo tem que estar exposto em determinado lugar ou espaço, representando “x” tema ou abordagem. A rua é o museu/espaço mais democrático que pode existir, através dela já se faz um filtro seletivo de pessoas que se identificam. A quebra de padrões estéticos e de conceito, são essenciais mesmo que ainda, muito difícil.

ANEXOS: Como a cultura de rua se manifesta na sua região?

Gabriella (Zé Polvinha): São Paulo… como explica pra quem nunca vivenciou a loucura que é esse lugar.
Vamos dizer que, sei lá, 80% da cidade é riscada. A manifestação acontece nos pequenos e grandes espaços. De lixeiras a empenas e trens, de tinta a giz, de adesivos até stencil. Em todo canto você vai achar os elementos desse movimento todo.

ANEXOS: Por que e quando surgiu o projeto “Zé Polvinha?

Gabriella (Zé Polvinha): Tudo começou em 2018 por conta das colagens que faço. Resolvi transformar algumas artes em adesivos, na ideia de expandir a forma que expunha as criações. Conheci um pessoal que já colava adesivos e me incentivaram a criar um personagem que fosse mais fácil de “linkar” um nome a uma persona. Já tinha um “apelido carinhoso” dado por um amigo das artes, que é “zeza” de “zé povinha“, como o significado da expressão já um pouco agressiva, resolvi fazer o trocadilho com o polvo, que particularmente é um animal que gosto. Então criei uma arte mais lúdica e simpática, do que a própria expressão do nome. E zé povinho tem em todo lugar né, igual a zé polvinha 😉

ANEXOS: Qual sua relação com os stickers?

Gabriella (Zé Polvinha): Como todo relacionamento existem os momentos memoráveis e os outros mais distantes, mas sempre ali por perto. Não me vejo mais sem a relação com a “” e vivenciando ela praticamente todos os dias quando saio na rua. Sejam momentos que estou na atividade de colar, fazer tags e afins ou quando esbarro com a personagem, seja porque eu passei ali ou alguém colou por mim. Costumo falar que não se faz um combo de adesivos, só com adesivos de uma pessoa. O rolê dos adesivos é pura troca, com pessoas na rua, em rolês marcados ou por carta com pessoas de outros países. Nada mais satisfatório do que ver sua persona atravessando fronteiras.

ANEXOS: Você participa e também realiza vários eventos artísticos em São Paulo, qual sua opinião sobre o papel deles pra cultura?

Gabriella (Zé Polvinha): Essencial! É de extrema importância que sejam realizados eventos, oficinas, trocas, encontros no geral sobre esse tipo de vertente de arte. É uma forma de romper barreiras, estigmas e conceitos que são colocados como “arte de verdade” e levar a diante para próximas gerações, não é o tipo de coisa que pode morrer ou fingir que não existe.

ANEXOS: Você tem outros projetos em paralelo?

Gabriella (Zé Polvinha): Tenho o projeto das colagens, que são trabalhos manuais com processos analógicos que envolvem muito garimpo de material gráfico, sem utilizar qualquer banco de imagens digitais. Na real, é mais um projeto que me faz estar na rua, já achei muito livro, revista, cartas e fotos jogadas em lixos e caçambas que acabaram tendo uma outro destino dentro das criações que fiz. Garimpar sebos, atravessar a cidade as vezes pra chegar em “potes de ouro”. Sinto que tenho uma facilidade de enxergar e entender todo o processo criativo por conta das possibilidades de “viagem” que a colagem traz conforme o tempo passa.

ANEXOS: Quais são seus planos pro futuro? Onde você vê a “Zé Polvinha” daqui a 5 anos?

Gabriella (Zé Polvinha): Poxa, que difícil hahaha, tudo sempre foi fluido com a ““. Espero que ela esteja presente em mais países, que possa continuar sendo referência pra algumas pessoas, principalmente pras mulheres que queiram fazer parte disso. Mas assim, tenho vontade de aplicar em “coisas usáveis”, quem sabe uma marca? Quem sabe…

ANEXOS: Que dicas você daria para quem tem interesse em fazer parte da cultura?

Gabriella (Zé Polvinha): Só vem! Da forma que der, se tiver vergonha, vem mesmo assim. O importante é se jogar. Compra etiqueta, vinil, manda fazer em gráfica, estuda algumas formas de aplicação, com tinta, caneta e afins. É um rolê que acolhe, divide e multiplica. Procura a galera da tua cidade e cola junto, se não tiver, essa missão é sua. Tenho certeza que alguém vai se identificar. Troca adesivo por carta, faz a sua própria coleção! Pensa que esse rolê ta no mundo inteiro, tem gente em todo canto que cola adesivo, faz a sua pesquisa pessoal, você vai achar suas maiores referências por aí.

ANEXOS: Palavras finais?

Gabriella (Zé Polvinha): Ah, antes de qualquer coisa, agradeço pelo convite e espaço pra falar de algo que faz parte da minha vida e que acho importante a propagação dessa forma de expressão, espero que possa agregar de alguma forma pra quem leu até aqui.


Bate-Bola-Jogo-Rápido

ANEXOS: Te jogaram numa ilha deserta com direito a 3 itens, o que você leva?

Gabriella (Zé Polvinha): Aí azedou… Uma faca, um filtro de água e uma corda. Acho que vi muito Largados e Pelados

ANEXOS: Se a Zé Polvinha fosse humana, como ela seria?

Gabriella (Zé Polvinha): Debochada, as características físicas deixo pra sua imaginação.

ANEXOS: Sticker redondo ou quadrado?

Gabriella (Zé Polvinha): Ai, que difícil… Redondo.

ANEXOS: O melhor livro que já leu?

Gabriella (Zé Polvinha): “Viva à sua própria maneira: A rebeldia de ser você mesmo em um mundo que conspira contra a sua individualidade – OSHO”

ANEXOS: Um lugar especial?

Gabriella (Zé Polvinha): Minha casa.

ANEXOS: A música que mais ouviu esse mês?

Gabriella (Zé Polvinha): Segundo o aplicativo, “Yago Opróprio e Patricio Sid – La Noche“.

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Comentários

  1. Avatar de Hiago rocha
    Hiago rocha

    Ze polvinha é perfeição

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